terça-feira, 27 de março de 2012

Toques de um Preto Velho


Os espíritos trabalhadores na linha de Umbanda, designados de Pretos Velhos, nos repassam constantemente uma lógica que infelizmente, nós encarnados estamos demorando em aplicar. Dizem eles, com sua maneira peculiar e simples de expressão, que “no mundo dos mortos” não existe raça, cor ou credo que diferencie as almas ou crie fronteiras, o que existe é o homem de bem e o homem que desaprendeu ser bom. Baseado nisso, nos falam das lágrimas que insistem em cair de seus olhos, pela arrogância dos homens e de suas religiões que acabam se distanciando de Deus, pela pretensão de se adornar dele, impondo a “sua” verdade. As religiões ou credos em geral, ainda existem por necessidade de nossos espíritos que se diferenciam na escala evolutiva, encontrando dentro de cada uma delas a melhor adaptação de “religar-se” ao Criador. O que fica desvalorizado aos olhos da Espiritualidade Superior é o combate que se trava entre os homens por questões religiosas como se vivessem em eterna disputa, chegando ao absurdo das ditas “guerras santas”. Por enquanto a humanidade percorre vários caminhos em busca dessa verdade, mas chegará o dia em que o Universalismo será pleno, então haverá um só rebanho para um só pastor. E como acontece no “andar de cima”, formaremos uma única corrente de trabalho, auxiliando a quem necessita, mostrando que a ferramenta mediunidade, tem um só objetivo: - a caridade! Fora isso, tudo o mais fica por conta de nosso ego.

Alguns “toques” trazidos por um destes queridos amigos espirituais:

“Lá nos planos sutis, aonde vocês muitas vezes vão quando dormem, mas ao acordarem não se lembram, existe uma grande família espiritual a lhes esperar, velar e torcer por vocês. Quebrem a barreira vibracional com sentimentos e pensamentos elevados, levando seus corações até eles. Mate a saudade espiritual que existe dentro de seu peito. Deixe a intuição fluir. Os guias espirituais, não são mestres intocáveis que vocês devem reverenciar, mas sim, são amigos de jornadas. Conheça-os, converse com eles, trabalhem juntos, mas sorriam e brinquem juntos também. Eles estão te esperando. Mediunidade é coisa importante e séria, mas não diviniza e nem inferioriza ninguém. Vocês sabem disso. Tem gente que pensa que ser grande médium é praticar fenômenos para “incrédulo ver”. Outros pensam que é se vestir todo com uma fantasia, “virar os olhos” e “rebolar” bastante. Não! Mediunidade é você trabalhar em parceria com os amigos do lado de cá, para o bem de todos, apenas isso. Vocês complicam muito as coisas. Na verdade tudo é muito simples. Pense na manifestação das criancinhas durante um processo mediúnico. Existe algo mais simples e belo do que isso? Parem de julgar a manifestação mediúnica ou experiência do outro. Você pode até não concordar, mas caso para ele faça sentido, deixe. É dele! Isso lembra muito a postura daquele que não consegue fazer melhor e por isso mesmo vive a criticar e apontar o defeito dos outros. As experiências espirituais muitas vezes são de foro íntimo, cada um busca a sua. E cada um fique feliz com a sua! Aprendam também que a dedicação e o estudo ajudam muito. Mas o que realmente conta é o seu dia-dia, como pessoa comum, passando pelo crivo do grande mestre que é a vida. Não adianta nada estudar muito e praticar pouco, principalmente em relação à humildade, tolerância e amor. Fazer caridade é muito bom. Se, além disso, buscam esclarecer as pessoas, melhor ainda. Tem gente que acha que doando uma cesta básica de Natal, ao desencarnar será “salvo”. Outros ainda se acham muito especiais e caridosos, verdadeiros missionários. Não caiam nessa bobagem. Saibam que, em verdade, ao auxiliar os outros vocês ajudam a si próprios. E quando fizer a caridade, também não apenas dê o peixe, ensine as pessoas a pescarem. “Caridade de consolação” ergue a pessoa, mas depois que ela já está de pé, está na hora de ensiná-la a andar, com “caridade de esclarecimento”. Pensem nisso! Faça caridade sempre que surgir a oportunidade de auxiliar o irmão. Esclarecimento leve a todos os lugares, fazendo sua aura brilhar e contagiando as pessoas com alegria e vontade de viver. Trabalho em grupo é coisa séria, deve haver amizade, alegria, mas não é reunião social. Os guias escutam os seus pensamentos e não estão nada interessados em suas preferências físicas, nem em suas “paqueras” dentro do grupo. Tão pouco são cúmplices das fofocas, guerras de vaidade e ciúmes que existem dentro do mesmo. Um trabalho espiritual em grupo é uma benção e oportunidade única de evolução, tanto de encarnados como desencarnados. Aproveitem bem! Existe um montão de mestres esperando por vocês desse lado, mas muitas vezes eles não conseguem lhes amparar, afinal vocês não param de pensar no “vizinho”, ou como a vida é difícil e injusta...
Os Orixás, os Mestres, os devas, todos eles amam a humanidade. Caso queiram fazer um ritual a algum deles, ótimo. Mas lembre-se sempre: vela acesa só tem valor se o coração estiver aceso antes. Caso contrário, não! A energia de uma erva é poderosa e realmente cura, mas antes, suas próprias energias e o respeito com a vida vegetal devem ser grandes, caso contrário, é desperdício de tempo. Qualquer ritual de magia para o bem é lindo e bem quisto pela espiritualidade, mas não se perca no meio de muitos rituais e elementos, e esqueça o essencial. O grande mestre da magia é o coração, e a grande força motriz é a sua mente. Lembre-se disso. Não sejam espiritualistas pela metade. Durante o dia vocês ficam pensando em espiritualidade, mas ao dormir, que é a grande hora onde o espírito se liberta do corpo físico, vocês não pensam em nada, ficam com preguiça e logo suas mentes são invadidas por um monte de coisas, adormecendo na mais perfeita desordem. No mínimo orem ao deitar-se. Agradeçam ao dia, coloquem-se a disposição do aprendizado, aproveitem as horas de sono. Elas são chaves de acesso ao crescimento espiritual. Meditem nisso.
Eu sou um preto-velho. Pouco importa minha forma ou meu nome. O que importa é que sou luz, como vocês e todos nós, filhos da Grande Luz. O sol de Oxalá brilha em meu coração, no seu e em toda a humanidade. Você ainda tem preconceito em relação às raças? As culturas diferentes? Religião? E julgam-se espiritualistas? Ora amigo, deixe disso! Lembre-se: todos vieram da mesma fôrma. A fôrma de Oxalá. Eu tenho apenas uma palavra para descrever o preconceito: ignorância! Ignorância também são as paredes e preconceitos religiosos. Todos os mestres da humanidade pregaram o desprendimento, mas o que seus seguidores mais fazem é ter o sentimento de posse em relação a ELES. E lá se vão guerras, ofensas e desarmonia entre uma religião e outra. E lá se vão discussões infindáveis entre doutrinas diferentes. Todos os caminhos levam a Deus, mas muitos acham que seu caminho é melhor do que os outros, não é mesmo? Façam um favor a humanidade meus filhos: vão voando nas asas do universalismo ecumênico! E parem com essas bobagens...
Do lado de cá, nós adoramos música. Ela rejuvenesce a alma, acorda o coração e desperta a intuição. Aproveitem as músicas de qualidade. Elas são ótimas e verdadeiro brilho e alimento para vossos espíritos. Também escutem a música que os espíritos superiores cantam secretamente dentro do coração de cada um. É a música da Criação, ela está em todos, mas só pode ser escutada quando a mente silencia e o coração brilha. Pensem nisso! Pensem também na natureza. Coloquem uma música suave. Direcionem-se mentalmente a um desses sítios sagrados, verdadeiros altares vivos do amor de Olorum.  Pensem na força curativa das matas, na força amorosa e pacificadora das cachoeiras, da limpeza energética que o mar traz ao espírito. Meditem neles. Isso traz sintonia, reciclagem energética e boa disposição. Façam isso por vocês e fiquem bem! Por fim, dediquem-se mais ao autoconhecimento. Ele é muito importante. E um dia, mesmo que isso demore milênios, vocês se conhecerão tanto que realmente descobrirão sua natureza divina. Nesse dia, as cortinas da ilusão se abrirão e você verá o universo a sua frente. Não existirá mais Orun* (céu) nem Ayê* (mundo material). Nem eu nem você. Apenas Ele... Pai e Mãe Olorum dentro de nós mesmos!“

Pai Antônio de Aruanda e Fernando Sepe
Escrito por duas mentes em um só coração.




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